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Racismo e racistas

Como disse o homem do momento: “quem não age é cúmplice”.

Leonardo Tricot Saldanha

23 de mai. de 2023

De domingo para cá vivemos (sobretudo nós, brancos) um bonito momento de despertar para a questão racial. Vinicius Jr, um excepcional jogador de futebol do Real Madri, não aceitou os xingamentos racistas repetidos e posicionou-se: parou o jogo, chorou, indicou os culpados na Liga espanhola e no seu próprio time. Não aceitou calado ser chamado de macaco pelos valencianos, pelos espanhóis, pelos brancos.


Este texto não quer diminuir, de maneira alguma, nem a dor nem a importância de Vini Jr. Ele é um herói. Quando seria mais fácil e lucrativo calar, ele falou; melhor esquecer, ele chorou. E com o seu choro veio um mundo de apoios, da Espanha. Do Brasil, onde até o presidente o defendeu. Vinicius será um modelo para muitos meninos e meninas que virão. Jamais calar ante o racismo.


Este texto é para nós, brancos.


Recebi convites indignados chamando para manifestações ante o consulado da Espanha em virtude da agressão racista - e fiquei com vontade de ir.

Mas… precisou uma grande estrela do futebol internacional, que todos admiramos, ser agredida para que nos manifestemos? Para que o racismo nos doa?


O racismo perpassa a sociedade brasileira de cima a baixo, da forma mais cruel. Eu, adolescente, ouvi de um colega: “essa neguinha aí é só para sarrar, não é minha namorada.” Que era como ela se sentia. O racismo exclui da escola, do trabalho, dos afetos. É a maior chaga do Brasil.


O racismo exclui da vida. 87% dos mortos pelas PMs no Brasil são negros. A menina Ágatha, oito anos, que voltava para casa da escola e que foi morta pela PM/RJ era negra. Linda, mulher maravilha, não desviou das balas. 8 anos, menina negra, complexo do Alemão, morta a tiros pelo Estado.


Então… viva Vinicius Jr. Que forte seja sua luta e ampla sua reparação. Que grandes sejam as manifestações ante a embaixada e os consulados da Espanha.


Mas… vamos combinar? Quando a próxima menina Ágatha morrer (porque morrerá), paremos o país. Digamos em alto e bom som que o extermínio negro tem que acabar. Pois, como disse o homem do momento: “quem não age é cúmplice”.

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