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ARTIGO: Mensagem de Peter Pál Pelbart

Filósofo, tradutor, ensaísta e professor húngaro residente no Brasil envia mensagem de alento aos brasileiros.

12 de jan. de 2023

"Eu acho tudo isso que está acontecendo positivo no macro, embora esteja sendo dificílimo no micro. Explico: todo esse ódio, toda essa ignorância, essa violência, isso tudo já existia ao nosso redor.


Agora é como se tivessem tirado da gente a possibilidade de fingir que não viu.

Caíram as máscaras. O Brasil é um país construído em bases violentas, mas que acreditou no mito do 'brasileiro cordial'.


Um país que deu anistia a torturadores e fingiu que a ditadura nunca aconteceu.

Que não fez reparação pela escravidão e fala que é miscigenado e não é racista.

Nós fechamos muitas feridas históricas sem limpar e agora elas inflamaram.


Estamos sendo obrigados a ver que o Brasil é violento, racista, machista e homofóbico.

Somos obrigados a falar sobre a ditadura ou talvez passar por ela de novo.

Estamos olhando para as bases em que foram construídas nossas famílias e dizendo 'Essa violência acaba em mim. Eu não vou passar isso adiante.'


Como todo processo de cura emocional, esse também envolve olhar pras nossas sombras e é doloroso, sim, mas é o trabalho que calhou à nossa geração.

O lado positivo é que, agora que estamos todos fora dos armários, a gente acaba descobrindo alguns aliados inesperados.


Percebemos que se há muito ódio, há ainda mais amor.

Saber que não estamos sós e que somos muitos, nos deixa mais fortes.

Precisamos nos fortalecer, amores.


Essa luta não é dos próximos 15 dias, é dos próximos 15 anos.

Mais: É A LUTA DAS NOSSAS VIDAS.

Não cedam ao desespero.

Não entrem na vibe da raiva. Não vai ser com raiva que vamos vencer a violência.

E se preparem, tem muito chão pela frente".


#ALutaContinua

#SemAnistia

#SomosTodosPresidentes

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